Varíola dos Macacos (Monkeypox)

A varíola do macaco é uma doença causada por um vírus chamado Monkeypox (MPX). Mais frequente em alguns países africanos, principalmente na República Democrática do Congo, a doença ocorre de forma endêmica, com ocorrência periódica de casos.

Até então, a incidência de casos em outros países estava restrita à infecção por viajantes internacionais ou animais importados, mas em maio de 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada de quatro casos confirmados de Monkeypox no Reino Unido, existiram também confirmações em Portugal e na Suécia. Não havia ligação epidemiológica entre os casos nos diferentes países e para nenhum deles havia histórico de viagem para uma área endêmica. Em 31 de maio de 2022 houve a primeira notificação de suspeita de Monkeypox no Brasil, e desde então, até junho de 2022, foram notificados no país 1.981 casos da doença, sendo 978 confirmados. Em Minas Gerais, o primeiro caso suspeito foi notificado em 11 de junho de 2022 e o primeiro caso confirmado ocorreu no dia 29 do mesmo mês, em Belo Horizonte.

 

Transmissão:

A transmissão ocorre de pessoa para pessoa principalmente por contato próximo com secreções das vias respiratórias ou lesões cutâneas de um indivíduo infectado, pode ocorrer também através de objetos recentemente contaminados com fluidos do paciente ou materiais da lesão. O período de incubação do vírus costuma ser de 6 a 16 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias. A via de transmissão sexual está sendo investigada.

 

Caso suspeito/provável

São considerados casos suspeitos/prováveis indivíduos de qualquer idade que apresentem início súbito de lesão em mucosa ou pele, única ou múltipla, em qualquer parte do corpo e que tenha apresentado dor de cabeça, febre, dor muscular, dor nas costas e nódulos pelo corpo. Ou ainda pessoas que tenham apresentado lesões profundas e bem circunscritas depois da exposição próxima e prolongada com pessoas ou objetos contaminados pelo vírus Monkeypox nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

Neste caso a doença só será descartada ou confirmada após a realização do exame para o Monkeypox Vírus por diagnóstico molecular (PCR em Tempo Real e/ou Sequenciamento).

 

Sobre a infecção:

Clinicamente, a infecção pode ser dividida em dois períodos:

  • Primeiro ocorre o período de invasão (entre os dias 0 e 5), caracterizado por febre, cefaleia intensa, linfadenopatia (nódulos pelo corpo), dor lombar, mialgias (dores musculares) e astenia (perda ou diminuição da força física) intensa.
  • Entre o 1º e o 3º dia após o início da febre ocorre o período de erupção cutânea, quando surgem as lesões mucosas ou cutâneas, que em geral afetam primeiramente a face, e a seguir se espalham para o resto do corpo. As áreas mais afetadas são face (95% dos casos) e regiões palmar e plantar (em 75% dos casos).

A evolução da lesão inicial para vesicular (bolhas cheias de líquido), pustular e crostas subsequentes ocorre em 10 dias. A eliminação completa das crostas pode demorar até três semanas. O número de lesões varia desde poucas a milhares e afetam as mucosas oral (70% dos casos), genital (30%), conjuntiva palpebral (20%) e córnea. A taxa de letalidade teve grande variação nas diferentes epidemias e foi inferior a 10% nos eventos documentados.

 

Tratamento e vacinação

Não há tratamentos específicos contra a infecção pelo vírus da varíola do macaco. Os sintomas costumam ter resolução espontânea. É importante cuidar da erupção deixando que seque, ou cobrindo com um curativo úmido para proteger a área, se necessário.

As pessoas vacinadas contra a varíola humana demonstraram ter alguma proteção contra a varíola do macaco. Entretanto, deve-se levar em conta que a vacinação contra a varíola humana foi encerrada em 1980, depois que a doença foi declarada erradicada. Existe uma vacina para a varíola do macaco (MVA-BN), também conhecida como Imvamune, Imvanex ou Jynneos, aprovada em 2019, mas ainda não está amplamente disponível.

Uma vez que a infecção pela varíola do macaco é incomum, não se recomenda a vacinação universal. No entanto, a Organização Mundial da Saúde está coordenando com o fabricante para que o acesso à vacina seja melhorado.

Referência: Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Alerta Epidemiológico: varíola do macaco em países não endêmicos. 20 de maio de 2022, Washington, D.C.: OPAS/OMS; 2022. Disponível em https://www.paho.org/pt/documentos/alerta-epidemiologico-variola-do-macaco-em-paises-nao-endemicos-20-maio-2022

Nota Técnica nº 9/SES/SUBVS-SVE-CIEVS/2022; Secretaria de Estado de Saúde; Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde. GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS